As colheitas da safra 2021 já se iniciaram em diversos pontos do Brasil, dando sequência ao planejamento de antecipar o máximo possível a semeadura da segunda safra. O propósito é escapar da mudança climática desfavorável ao cultivo de grãos, que ocorre a partir do mês de maio.

A curta janela de cultivo da segunda safra, que já estava ameaçada pelo atraso na semeadura causada pela estiagem nos meses de outubro e novembro, agora passa a sofrer um novo prejuízo: o excesso de chuvas coincidindo com o período de colheita.

Operações agrícolas definitivamente não são compatíveis com a ocorrência de chuva durante suas execuções. O solo possui um nível ótimo de umidade para a entrada de maquinas agrícolas devido à compactação causada quando ele se encontra excessivamente seco ou úmido. Além disso, em condições de solo molhado ou encharcado, ocorre o atolamento das máquinas e implementos agrícolas.

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Na operação de colheita, soma-se a perda na qualidade dos grãos a esses prejuízos já citados. É comum que grãos já prontos para a colheita, quando expostos a dias consecutivos de chuva, comecem a ser atacados por patógenos, como fungos e bactérias, que encontram condições favoráveis de proliferação devido à umidade permanente e ausência de sol.

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Nessas condições, começa a degradação dos grãos mais velhos, localizados na região do terço inferior da planta. Caso a infestação seja muito severa ou o período de umidade se estenda por mais dias, as perdas vão indo em direção aos grãos mais novos, podendo chegar à perda total a partir de 5 dias, em casos de condições extremamente favoráveis aos patógenos.

Nessa matéria, será discutida a importância do monitoramento climático para a operação de colheita de grãos. Além disso, serão apresentadas medidas para serem tomadas na situação e também medidas para evitar perdas futuras em condições de excesso de chuva no período de colheita.

Chuvas durante a colheita da safra 2021 já estavam previstas

As previsões do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) já apontavam a ocorrência atípica de chuvas no período de colheita em diversas regiões do Brasil. Baseando-se em modelos estatísticos, foi previsto e divulgado que o comportamento atípico das chuvas acompanharia toda a safra 2021, com escassez no período de plantio e excesso no período de colheita.

As pesquisas meteorológicas apontam que estamos sob influência do fenômeno climático La Niña.

Segundo o pesquisador da Embrapa Rubens Neiva, o fenômeno La Niña ocorre quando as temperaturas das águas do Oceano Pacífico se apresentam com anomalias negativas (menores do que  – 0,5ºC) em relação à média. O fenômeno ocorre de forma cíclica, intercalado com o El Niño, e é capaz de atuar na distribuição de calor e de chuvas.

Trata-se do oposto do El Niño, ou seja, temperatura das águas do Oceano Pacífico com anomalias positivas (maiores do que +0,5) em relação à média histórica. A condição de neutralidade dos fenômenos seria quando as anomalias de temperatura das águas do Pacífico estão entre -0,5ºC e +0,5ºC em relação à média histórica. Além de atuar no regime pluviométrico das Regiões Sul, Nordeste e Norte do Brasil, o fenômeno La Niña também provoca redução das chuvas no litoral do Chile, Peru e Equador.

As estimativas eram de que o fenômeno, que causa o esfriamento do Oceano Pacífico, causasse interferência nas chuvas até o fim da primavera de 2021, o que de fato vem se cumprindo e provavelmente trará mais dor de cabeça aos produtores durante os meses de fevereiro e março em diversas regiões país.

Transformando incerteza em riscos

Colheita de Grãos em Períodos Chuvosos

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Será que as chuvas atípicas castigarão a safra 2022? O que devo fazer para não perder meu investimento nas próximas safras devido a intempéries climáticas?

A maior fonte de perda para a agricultura é relacionada às condições climáticas. Excesso de chuvas, geadas, estiagens, calor ou frio, são fatores que o empresário agrícola não pode controlar nem remediar, caso seja pego de surpresa.

Mas o empresário agrícola não está desamparado nessa questão.

Os institutos nacionais de pesquisa têm como principal objetivo prover o agronegócio com informações relevantes para sua melhor condução. Em relação ao clima, temos importantes instituições como o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e o INMET.

Eles realizam o monitoramento constante de condições meteorológicas e usam modelos estatísticos poderosos de previsão climática que processam longas séries históricas de dados meteorológicos armazenados. Isso acaba provendo informações valiosas aos técnicos e empresários do agronegócio, que vão desde a previsão de chuvas e o volume esperado, até os dados de evapotranspiração e umidade do solo.

As previsões a nível de região e propriedade são valiosas para orientar medidas personalizadas para as condições de cada propriedade agrícola no curto/ médio prazo. Elas devem ser consultadas diariamente para ajuste fino das estratégias de manejo, entre elas as estratégias de operações de colheita.

Com dados climáticos em mãos, é possível transformar a incerteza sobre o futuro em risco. A diferença entre incerteza e risco é que a incerteza existe em relação a algo desconhecido, não sendo possível medi-la e elaborar um plano efetivo de remediação. Já o risco se trata da chance conhecida da ocorrência de um fenômeno. Com dados confiáveis e um modelo de interpretação adequado, é possível prever a ocorrência de um fenômeno e quantificar seus impactos, tornando possível a elaboração de planos que visem remediar as consequências indesejáveis.

Preciso colher minha produção mas não para de chover. O que fazer agora?

Colheita de Grãos em Períodos Chuvosos

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Na condição atual, os produtores devem estar a postos para reduzir ao máximo as perdas. Não existe uma solução genérica, devendo ser traçados planos de acordo com o ponto de maturidade dos grãos em cada talhão em conjunto com as previsões climáticas para cada região.

Antecipar a colheita é um recurso valioso no momento. Esse procedimento pode ser feito com a aplicação de dessecantes na soja, antecipando o secamento das plantas de soja e a maturação dos grãos.

Porém, o procedimento não deve ser realizado em grãos excessivamente novos, pois haverá perdas importantes na qualidade da colheita. Isso impactará diretamente no valor recebido. Também deve ser respeitado o período de carência entre a aplicação do dessecante e a colheita, para que não haja presença de resíduos químicos, fato que pode inviabilizar a comercialização da produção devido à contaminação do produto.

Portanto, a principal tarefa do empresário agrícola no momento é determinar o nível de maturidade de cada talhão e estar antenado nas previsões do tempo para tomar decisões acertadas sobre a determinação do período de colheita e aplicação dessecantes.

Toda a logística da colheita, que envolve colheitadeiras e caminhões, deve estar de prontidão, pois qualquer janela entre chuvas que proporcione boas condições de colheita deve ser aproveitada imediatamente. Quanto mais os grãos permanecerem em campo, maiores serão as perdas, e a velocidade do apodrecimento aumentará exponencialmente.

Vale também a troca de informações com vizinhos para que, caso a maturidade das plantas das diferentes propriedades estejam em níveis diferentes, aqueles que não estiverem realizando a colheita no momento possam disponibilizar colheitadeiras para os vizinhos que estejam em risco iminente de perdas. A velocidade da retirada dos grãos do campo é de extrema importância e varia em função do número de maquinas trabalhando.

O que posso fazer nas próximas safras para evitar perdas por chuva na colheita

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A principal missão do empresário agrícola é transformar a incerteza em risco e elaborar planos para mitigá-los.

Conhecendo as probabilidades da distribuição de chuvas, diversas medidas podem ser tomadas para evitar perdas na produtividade e qualidade da produção.

Vamos listar e comentar algumas delas:

Acompanhar as previsões dos institutos nacionais de pesquisa (INPE, IMET)

Serve para o conhecimento prévio do quadro climático nos 8 meses das safras de grãos, considerando a safra e a safrinha (outubro a maio). Embora algumas alterações nas previsões possam ocorrer, o quadro geral é bem determinado por estes institutos.

Realizar monitoramento climático na propriedade

É de suma importância saber as probabilidades de chuva na região em questão. Embora o quadro geral fornecido pelas institutos nacionais dê uma orientação, cada região apresenta um microclima característico, sendo essencial ter informações precisas das condições meteorológicas para organização e planejamento a nível de propriedade.

Escalonamento da produção

Escalonar a produção significa realizar o plantio em datas diferentes, compondo talhões em diferentes estados da maturidade. Essa estratégia é de suma importância para evitar que toda a área seja perdida em condições desfavoráveis. No caso da ocorrência de excesso de chuvas na colheita, caso toda a área esteja em ponto de colheita, todos os grãos serão afetados de modo homogêneo e as perdas serão elevadíssimas. Já no caso de haver grãos mais verdes, que não estejam em ponto de colheita, estes sofrerão menos com o excesso de umidade, resistindo até as próximas condições favoráveis de colheita.

Escolha de diferentes cultivares, cultivares com maior resistência ao ataque de fungos e bactérias

A contaminação dos grãos por patógenos está diretamente ligada a morfologia das plantas, desde o formato da planta até as características dos grãos, das vagens, das paredes celulares e dos metabolitos produzidos pelo metabolismo secundário delas. Algumas variedades são naturalmente mais resistentes pois fungos e bactérias não encontram condições adequadas de infestação, embora estejam presente.

Dimensionar corretamente o número de colheitadeiras para o tamanho da área produtiva

A velocidade da operação da colheita pode determinar o sucesso de toda uma safra. Porém aumentar a capacidade de colheita pode inviabilizar economicamente o sistema produtivo devido ao elevado valor das maquinas colheitadeiras. O número de maquinas em uma propriedade deve ser determinado levando em conta diversos fatores, entre eles o histórico climático de ocorrência de chuvas no período típico da colheita. Deve ser encontrado um equilíbrio entre o número de maquinas e o tempo de amortização deste investimento.

Manter a manutenção das maquinas em dia para evitar imprevistos

É essencial agilidade e prontidão na colheita em casos de aproveitamento de janelas entre períodos chuvosos. Qualquer reparo, mesmo que pequeno e rápido, pode causar a perda da oportunidade de salvar uma parcela da produção. Então antes do período de colheita as maquinas devem estar revisadas e prontas para entrarem em ação a qualquer momento.

Implantação do Sistema de Plantio Direto

O Sistema de Plantio Direto é essencial para a agricultura brasileira em todos os aspectos agronômicos. Em relação a colheita em períodos chuvosos, a adequação da textura causada pelo sistema, permite um escoamento mais rápido da agua das chuvas, fazendo com que os solos cheguem mais rápido no ponto ideal de umidade para entrada das maquinas.

Adequação do adensamento das plantas

Em anos com alto risco de chuvas no período da colheita é viável que o espaçamento entre plantas seja maior, evitando o acumulo de umidade devido à proximidade das plantas, melhorando a aeração da lavoura.

Aplicação preventiva de fungicidas

A aplicação preventiva de fungicidas deve ser feita quando houver previsões de longos períodos chuvosos para que haja um nível inicial menor de patógenos na área, o que causa um retardo nos picos de infestação e consequentemente nas perdas de grãos.

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