Agricultura de Precisão (AP) é um termo usado para se referir a uma estratégia de gestão de cultivos que analisa os componentes temporal e espacial para melhorar a sustentabilidade da produção agrícola. A estratégia conta com a coleta, processamento e análise de dados temporais, individuais e espaciais. Eles são combinados com dados de referência, visando apoiar as tomadas de decisões de gerenciamento do empresário agrícola. Com a AP, objetiva-se melhorar a eficiência do uso de recursos, a produtividade, a qualidade dos produtos, a rentabilidade e a sustentabilidade da produção agropecuária.
Levando-se em conta que o lucro recebido pelo produtor vem da diferença entre seus custos e o valor recebido pela sua produção, a redução do uso de insumos proporcionada pela detecção da necessidade nutricional, baseada na subdivisão da área total em talhões menores, impacta diretamente no alcance da maior faixa de lucratividade possível.
Boas metodologias de AP devem ser desenvolvidas com atenção às necessidades reais do usuário final, para que não sejam desenvolvidas propostas com alto grau de resistência de absorção pelo setor produtivo.
Atender as variabilidades dentro de cada talhão aumenta a lucratividade
Agricultura de Precisão

Um dos principais fenômenos que as metodologias de AP vem corrigir, retornando em incrementos significativos na rentabilidade agrícola, é a variabilidade agronômica presente nas lavouras, de acordo com sua extensão espacial.
Por exemplo, levando em consideração a textura do solo, uma área de menos de 5 hectares pode apresentar grande variação no teor de argila, apresentando texturas variando desde argilosas a arenosas ou de solo mais ácidos para menos ácidos. Os teores de nutrientes também podem variar da deficiência ao potencial de suprimento adequado. Mesmo a suscetibilidade ao ataque de determinada praga pode variar dentro de uma determinada delimitação de área.
Podemos facilmente conceber a ideia de que áreas com maior teor de nutrientes ou com pH mais próximo da faixa ideal para determinada cultura necessite de quantidades menores ou até dispense a adição de insumos.
Flexibilização de taxas de aplicação: A essência da Agricultura de Precisão
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A AP veio inicialmente flexibilizar o modo de funcionamento das antigas e tradicionais maquinas agrícolas. Elas eram fabricadas para trabalhar de modo rígido, entregando a mesma taxa de aplicação durante uma operação, sendo que seus ajustes de vazão não podem ser alterados durante uma operação de campo.
Já no caso das maquinas para AP, a inovação foi permitir a mudança automática na taxa de entrega de insumos durante a operação, baseada na informação fornecida ao o sistema de controle das máquinas no formato de mapas que cruzam informações espaciais e de quantidade necessária de insumos. Essas informações servem como instruções de local e quantidade a serem aplicadas, baseadas em avançados sistemas de GPS.
Coleta, armazenamento e análise de dados em AP
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Como os procedimentos de AP são automatizados a partir dos dados fornecidos aos sistemas, a qualidade dos dados é de importância crucial para o objetivo deste modelo de gestão, que é o aumento da margem de lucro a partir da otimização do uso de recursos.
A obtenção dos dados que servirão para a elaboração dos mapas de atributos relevantes com impactos na variabilidade espacial e temporal da produtividade das culturas. Nesses mapas de produtividade, são retratadas importantes fontes de variação de desempenho agronômico. Como exemplo o histórico de uso do solo, topografia, textura, fertilidade e compactação e também aspectos relacionados as plantas, como respostas aos atributos do solo, clima e manejo das culturas.
Para a coleta de dados usados na elaboração de operações de AP, são utilizados diversos sensores, técnicas e abordagens capazes de mapear as variabilidades relevantes ao sucesso econômico das culturas.
O número de camadas de processamento desses dados vai depender da abordagem a ser realizada. No geral, o aumento de camadas de coleta de dados e processamento representa maior complexidade na interpretação e implementação de medidas. Os custos também aumentam significativamente, sendo necessária uma boa justificativa de projeto para o sucesso do investimento.
Mapeando a Condutividade Elétrica Aparente dos solos
Para o mapeamento do solo, a medida da Condutividade Elétrica aoarente (CEa) tem se mostrado uma ferramenta muito útil. Isso porque ela integra múltiplos parâmetros físicos (textura, densidade, compactação, retenção de água); químicos (Capacidade de troca catiônica) e matéria orgânica; e mineralógicos. Desse modo, pode detectar variabilidades globais nos solos, que provocariam regiões de maior ou menor produtividade dentro de um mesmo talhão, caso não fossem devidamente corrigidas.
Já o mapeamento de plantas para elaboração de mapas de Índice de vegetação (IV), obtidos por imagens de satélites, aeronaves remotamente pilotadas (ARP) e sensores ativos de dossel, possibilitam estimar o vigor da cultura, tanto espacial quanto temporalmente, ou seja, no decorrer do desenvolvimento da cultura.
Mapeando os atributos CEa, IV e produtividade, são obtidos dados que permitem o estabelecimento de zonas de manejo que podem ser usadas de modo mais estratégico, como amostragem mais detalhada de atributos adicionais, como aspectos sanitários e de estrutura do solo como a compactação.
Mas existem outras variáveis de grande importância na AP. Os níveis de nutrientes das plantas e a textura do solo, podem ser obtidos em uma grade regular ou por zonas de manejo definidas a partir dos mapas de CEa, IV e produtividade.
Identificando variabilidades espaciais no solo
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A amostragem de solo é a ferramenta principal dos sistemas de AP, pois, como os solos são vitais para o sucesso dos cultivos, servindo tanto como fonte de nutrientes quanto de fixação e meio para interação com microrganismos, ter informações detalhas sobre seu estado permite práticas de gerenciamento da sua saúde.
No geral, para mapeamento de solos, o procedimento de grade regular é o mais utilizado. A recomendação da densidade amostral varia de acordo com as características do cultivo em questão.
No caso de áreas extensivas de produção de grãos, recomenda-se uma amostra por talhão. Já o caso da fruticultura, em que são comuns talhões com poucos hectares, a densidade amostral pode chegar a algumas dezenas por hectare.
O conhecimento do histórico de uso da área e as análises visuais de variabilidade, realizadas pelo produtor de acordo com os anos de experiência na área, é necessário. Em talhões com altas variabilidades a densidade amostral deve ser intensificada.
Equipamentos utilizados para obtenção de dados
Um ponto que merece muita atenção do empresário agrícola nos sistemas de AP é relacionado aos equipamentos utilizados para a coleta, assim como o estado fenológico correto das culturas, para cada tipo de análise.
Nos sistemas mais intensivos, em que são produzidas mais de duas safras por ano, os intervalos entre safras são muito curtos. Para o uso de quadriciclos equipados para a realização de amostragens de solo, é ideal que o procedimento seja realizado após a colheita da primeira safra (verão) ou após a colheita da segunda safra (inverno), evitando o pisoteio nas plantas.
Porém, caso seja necessário realizar a coleta em períodos de ocupação das áreas por culturas já em desenvolvimento, deve-se realizar a tradagem manual.
Nos dois casos, o georreferenciamento das amostras é sempre necessário. Para a coleta com quadriciclo, a recomendação é que sejam extraídas pelo menos 9 subamostras em um círculo ao redor do ponto georreferenciado, na profundidade de 0-20 cm. Caso a ferramenta de amostragem seja o trado holandês, o número de amostras ao redor do ponto pode ser reduzido para 5, uma vez que a quantidade de solo por perfuração é maior.
A compactação do solo também pode ser medida tanto por equipamentos acoplados em quadriciclos quanto por equipamentos manuais. A recomendação é que equipamentos acoplados em quadriciclos sejam utilizados em períodos pós-colheita da safra de verão, pois após a colheita da safra de inverno, o solo estará com uma condição de umidade muito baixa, inadequada para esse tipo de determinação.
Amostragens de solo e de raízes para avaliação de fitonematóides deve ser realizada no decorrer do ciclo da cultura, devendo ser realizada tradagem e a coleta manual de raízes e não com equipamentos acoplados em quadriciclos.
Nas próximas matérias: Agricultura de Precisão na cultura do Algodoeiro e as últimas técnicas de análise e sensoriamento de diversos parâmetros da produção
Produção de algodão

Existe um consenso científico e técnico quando o assunto é AP: não há homogeneidade nas lavouras. Portanto, a variabilidade espacial e temporal deve ser levada em conta em sistemas agrícolas de auto desempenho quando gerenciadas adequadamente pelo empresário agrícola.
A obtenção, armazenamento e análise de dados é vital para que o objetivo da AP seja atingido. A fidelidade dos dados com as condições reais são essenciais para que as operações automatizadas solucionem os problemas da forma desejada. Os dados são obtidos a partir de sensores terrestres, orbitais e suborbitais permitem gerar dados de forma eficiente e com menor custo, fornecendo estimativas confiáveis sobre o desenvolvimento das culturas.
Esses avanços em AP trazem inovações voltadas ao gerenciamento da empresa agrícola, ajudando-a a atingir seu principal objetivo que é a geração de lucro.
Nas próximas matérias traremos as últimas atualizações em técnicas da agricultura de precisão e também um pacote completo de tecnologias para o cultivo do algodão na região no Centro-Oeste brasileiro
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