Estamos em um momento propício para falar da importância de dados meteorológicos na agricultura. O assunto está em alta devido as preocupantes restrições hídricas que estão ocorrendo em todo o País e as consequências dela tanto no momento presente quanto no calendário agrícola de 2021.
Monitoramento Climático x Risco de perda financeira. Faça Sua Escolha!
Os principais eventos que causam perdas agrícolas estão ligados à seca e a chuva excessiva. Essa é a conclusão do estudo realizado pelo IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Agrícolas) em 1993, que serviu como base para a formulação do atual do zoneamento agrícola.
Considerando os setores da economia, a agricultura é um dos setores mais influenciados pelos fatores climáticos e meteorológicos. Todos os processos de desenvolvimento das plantas, desde a semeadura até a colheita e as operações de manejo cultural são totalmente influenciados por estes fatores. O conhecimento antecipado dessas variáveis é fundamental para a agricultura.
Dados meteorológicos são importantes para a economia nacional. A partir dos dados do estudo apontado acima, foram elaboradas, sob o comando da EMBRAPA, as modelagens climáticas que definem as melhores datas de plantio das culturas/cultivares selecionados, visando evitar os períodos mais susceptíveis aos sinistros.
As predições climáticas quando bem elaboradas, servem como base para efetuação de contratos de seguros agrícolas. Desde que foi adotada a utilização da modelagem climática fornecida pela EMBRAPA houve redução de gastos indevidos tanto para seguros públicos quanto privados.
De onde vêm e quais são os dados meteorológicos que usarei em minha produção?
Os dados meteorológicos para a agricultura são obtidos por estações meteorológicas sendo que no geral a área de cobertura é limitada para uma certa região. Apenas o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec) dispõe de cobertura nacional. Para um diagnóstico de todo o Brasil, são necessários dados do maior número de estações possível, e registro de dados de um longo período de tempo de coleta. Mas no Brasil, as estações meteorológicas se concentram na Faixa Leste, havendo poucos registros de dados do interior do País.
As principais variáveis meteorológicas que afetam o desenvolvimento das plantas e a realização de operações agrícolas e a produtividade são: chuva, temperatura do ar, radiação solar, fotoperíodo, umidade do ar e do solo, velocidade e direção do vento.
Como as informações meteorológicas tornam meu investimento agrícola seguro?
Os fatores avaliados por um serviço especializado de monitoramento climático fornecem Informações de elevado interesse para o empresário agrícola como boletins e mapas de estiagem agrícola, precipitação acumulada, possibilidade de realização tratamentos fitossanitários, necessidade de irrigação, condições de manejo do solo, por exemplo. Essas informações podem otimizar o desempenho de operações como proporcionar redução de perdas por fatores diversos. Alguns deles serão listados abaixo:
- A – Geram economia evitando a perda parcial ou total operações de tratamento fitossanitário como pulverização de defensivos, já que estas operações são dependentes de condições adequadas de velocidade do vento, umidade relativa do ar, e umidade do solo. Em condições extremas de altas temperaturas e baixa umidade ocorre a perda da aplicação devido à evaporação das pequenas gotas que saem do pulverizador ou em caso de elevada umidade do solo não é possível realizar a operação devido a riscos de compactação do solo ou mesmo ao risco do maquinário atolar. O impacto nos custos é devido tanto ao custo do insumo utilizado como aos custos de operação mecanizada, que somam despesas com combustível, hora de trabalho e desgaste do maquinário.
- B – O custo com as sementes representa a maior fatia do custo de produção, muitas vezes girando em torno de 50% ou mais dos custos totais. O sucesso da semeadura é totalmente dependente da disponibilidade de água adequada, tanto em relação ao momento quanto em relação à quantidade. O impacto nos custos se dão tanto no custo de aquisição de novas sementes quanto aos custos de operações mecanizadas para o replantio.
- C – Redução de custos de energia elétrica e redução no uso de recursos naturais: A Economia de recursos naturais ocorre devido a otimização do uso da água, no caso de produtores que usam a irrigação. A economia de energia ocorre pela redução da conta de energia devido ao tempo preciso de utilização da bomba hidráulica na irrigação, de acordo com a necessidade reduzida pela quantidade já entregue pela chuva.
- D – Programação da colheita: permite antecipar a colheita caso haja previsão de chuvas no intervalo esperado para sua realização com o uso de insumos para esta finalidade.
- E – Previsão da incidência de doenças e insetos pragas com a correlação da umidade, temperatura e precipitação.
- F – Redução no desperdício na aplicação de fertilizantes por volatilização ou falta de solubilização na solução do solo devido a falta de água.
- G – Ganhos de rendimento devido a precisão no manejo de determinada cultivar que desempenhe melhor em uma região específica.
No geral, os índices de produtividade apresentam progressão após a adoção do uso de variáveis climáticas na tomada de decisão, aumentando a certeza de ganhos e o interesse em buscar outras fontes de otimização do sistema produtivo, como novos métodos de análises de solo ou insumos a serem usados, já que as operações em geral vão resultar em maior rendimento.
O investimento na obtenção de dados meteorológicos apresenta uma ótima relação benefício/custo, pois proporciona maior segurança e menores riscos financeiros, principalmente quando se trata de uma agricultura altamente tecnificada.
Condições climáticas atuais da Safra de Grãos 2021: Ausência de chuvas e atrasos na semeadura em todo País
Estamos em um momento propício para falar da importância de dados meteorológicos na agricultura. O assunto está em alta devido as preocupantes restrições hídricas que estão ocorrendo em todo o País e as consequências dela tanto no momento presente quanto no calendário agrícola de 2021.
O déficit hídrico que vem ocorrendo o ano todo em diversas regiões do Brasil se agravou durante os meses de setembro e outubro e até o momento é o maior já registado nos últimos 10 anos.
Com a elevação da temperatura, a evapotranspiração, que é composta pela transpiração das plantas quanto pela evaporação da água no solo, também aumentou e as reservas hídricas do solo foram ao seu esgotamento.
Qual a causa do atraso nas chuvas típicas desta época?
Apesar de a época de semeadura no Brasil ocorrer em um período típico, que é comprovado por banco de dados climatológicos com décadas de extensão, ele está suscetível a variações causadas por fenômenos pouco frequentes.
No caso da safra 2021, especialistas afirmam que o fenômeno climático La Niña estará presente durante todo seu decorrer, sendo que as probabilidades de suas interferências ocorrerem durante o primeiro trimestre de 2021 são próximas a 90%.
Isso implica em prováveis irregularidades de chuvas ao longo de todo o verão, principalmente na região Sul. Na região centro-oeste os efeitos do La Niña implicam na atual ausência de chuvas e no período de colheita é esperado que ocorra invernada, ou seja, dias consecutivos de chuvas impedindo as operações de colheita.
Além do atraso na semeadura, quais as consequências da falta de chuva?
Produtores acostumados a seguir o calendário agrícola tradicional se prepararam para a semeadura entre meados do mês de setembro até outubro e seguindo a prática tradicional, encheram suas semeadoras e deram início nas operações. Está ocorrendo de umidade presente no solo não ser suficiente para sustentar a germinação e o desenvolvimento inicial das plantas de soja e milho.
Como resultado da falta de chuvas neste período, fenômeno atípico das principais regiões agrícolas no Brasil, em muitas áreas será necessário fazer novamente a aquisição de sementes, assim como as operações mecanizadas de semeadura, impactando diretamente na rentabilidade da safra 2021.
Além disso, com o atraso no plantio e colheita, a safrinha do próximo ano passa a ficar comprometida em muitas regiões, já que a janela climática adequada para sua realização termina em meados do mês de maio, quando o fotoperíodo e as temperaturas já não proporcionam o desenvolvimento satisfatório para as culturas de verão. As elevadas produtividades das safrinhas, obtidas com tecnologias adequadas, fizeram com que sua importância deixasse de ser secundária, como era há alguns anos, para assumir o status de segunda safra, logo o impacto econômico do atual atraso nas chuvas se estende até na segunda safra.
As previsões para a safra 2021 são otimistas
Apesar da estiagem as previsões do IBGE para a safra de grãos 2021 são de novos recordes de produção e comercialização. As ferramentas tecnológicas possibilitam aos produtores que as adotam se antecipar e se adequar as intempéries climáticas, garantindo bons resultados em produção e econômicos.
Referências:
Avaliação dos impactos do uso do Sistema de Monitoramento Agrometeorológico (Agritempo)
disponível em: https://seer.sede.embrapa.br/index.php/RPA/article/view/1079/pdf acessado em 13/10/2020
IPEA, 1993, Eventos Generalizados e Securidade Agrícola, Sumário Executivo, Brasília.
https://exame.com/economia/plantio-de-soja-do-brasil-tem-maior-atraso-em-10-anos/
https://exame.com/economia/safra-2020-tera-recorde-de-252-milhoes-de-toneladas-preve-ibge/
https://www.regiaonews.com.br/agronegocio/apesar-da-estiagem-safra-de-soja-2020-2021-deve-ser-recorde-no-estado
Assessoria de ponta a ponta
Um atendimento próximo e personalizado, seja dentro da sua fazenda, pela internet, pelo telefone ou em uma de nossas unidades.
Mande um e-mail: andre.inacio@izi.agr.br
Whatsapp: (62) 8264 7968
Comentários