A cultura da soja se mantém na liderança do agronegócio brasileiro safra após safra, seja em números de aumento de área plantada, aumento de produtividade e rentabilidade.

Porém, apesar de sempre serem animadores, estes números são sempre acompanhados de muita preocupação pelos sojicultores que se sentem ameaçados pela temida doença Ferrugem Asiática da Soja (FAS), que tem potencial de causar perdas nas grandezas de 30% a 90% da produção, dependendo das condições ambientais e dos tratos agronômicos realizados durante a condução das áreas agrícolas.

A FAS, doença da soja mais temida da sojicultora, é causada por um fungo que recebe o nome científico Phakopsora pachyrhizi (pronuncia-se “facóspora paquirrízi”).

A história da ferrugem asiática da soja no Brasil

Ferrugem Asiática de Soja

A ferrugem-asiática da soja foi identificada pela primeira vez no Brasil em 2001, no sul do Paraná. A partir de então é monitorada e pesquisada por vários centros públicos e privados. Estima-se que desde que ela foi identificada, já causou prejuízos a cima dos R$ 150 bilhões no cultivo da soja.

O potencial de danos que a FAS pode causar em uma safra é estimado ser equivalente a perder, em área plantada, a extensão territorial do estado de São Paulo, em condições de ausência de controle em todo o país.

A ferrugem asiática é, assim, a maior preocupação dos sojicultores brasileiros e demanda mais de 80% dos recursos em fungicidas para defesa da cultura.

Como seria o pior cenário de perdas causadas pela ferrugem asiática da soja?

Ferrugem Asiática de Soja

É claro que a ausência total de controle da doença tem chances desprezíveis de acontecer, mas vamos analisar as consequências para a economia nacional deste pior cenário hipotético.

Sem dúvidas o montante de perda na produção nacional equivalente a área do estado de São Paulo causaria uma severa quebra de safra, causando impacto diretos na vida de todos os brasileiros. Por exemplo:

  • O primeiro impacto negativo seria no preço do óleo deste grão, insumo básico da alimentação brasileira. O preço subiria, assim como o preço do biodiesel.
  •  O próximo reflexo seria a falta de soja para o processamento e fabricação de farelo, a principal fonte de alimentação de animais usados na alimentação humana.
  •  Ao faltar alimentos para animais, os preços das carnes em geral aumentariam vertiginosamente pela redução de oferta de carnes de aves, bovinos e suínos, utilizados como alimentados, inviabilizando o acesso destes alimentos à maior parte dos brasileiros.
  •  Até mesmo a produção de remédios e cosméticos que utilizam o grão em sua composição teriam sua cadeia de produção afetada”.
  •  O desastre provocado pela ferrugem asiática também chegaria à balança comercial brasileira. A FAS pode causar a perda de até 90% das lavouras, tirando o Brasil do comércio internacional de soja.

Como está sendo combate à Ferrugem Asiática da Soja

Ferrugem Asiática de Soja

As condições climáticas são fundamentais para a proliferação do fungo causador da FAS.

Infelizmente, as mesmas condições climáticas que favorecem o ótimo desenvolvimento da cultura da soja também são excelentes para o desenvolvimento da doença: chuvas bem distribuídas ao longo da safra e temperaturas elevadas.

Um detalhe importante é que quanto mais tarde a doença chega menores podem ser os danos à produção.

As estratégias de manejo da doença são: a ausência da semeadura de soja e a eliminação de plantas voluntárias na entressafra por meio do vazio sanitário para redução do inóculo do fungo, a utilização de cultivares de ciclo precoce e semeaduras no início da época recomendada como estratégia de escape da doença e a utilização de fungicidas.

As perdas em decorrência da FAS foram com sucesso empregando-se de fungicidas químicos no início, porém desde as safras de 2003/2004 esse controle tem sido menos efetivo, em função da evolução da resistência a campo com consequente queda de eficiência dos químicos.

Os fungicidas sítio-específicos utilizados no controle da ferrugem pertencem a três grupos distintos: os Inibidores de desmetilação (IDM, “triazóis”), os Inibidores da Quinona externa (IQe, “estrobilurinas”) e os Inibidores da Succinato Desidrogenase (ISDH, “carboxamidas”).

  • Na safra 2007/08 foi detectada menor sensibilidade do fungo causador da ferrugem-asiática aos “triazóis”. A partir de 2008, produtos isolados são recomendados em decorrência da sua menor eficiência, sendo recomendados somente misturas comerciais de fungicidas com diferentes mecanismos de ação.
  • Na safra 2013/14, foi observada a redução de eficiência das estrobilurinas. Nessa mesma safra foram registradas as primeiras misturas de fungicidas estrobilurinas e carboxamidas para a cultura da soja.
  • Na safra 2016/17, alguns fungicidas com carboxamidas apresentaram redução de eficiência nos ensaios em rede, em relação aos resultados da safra anterior, em regiões específicas.
  • Dados da Embrapa mostram que hoje não se atinge mais a mesma eficiência de controle da FAS que antes com os químicos disponíveis. A porcentagem de controle fica entre 40 e 70%”.
  • Fungicidas multissítios (isolados e em misturas comerciais) passaram a ser registrados a partir de 2013/14, sendo importantes para atrasar o processo de seleção de resistência e aumentar a eficiência dos fungicidas sítio-específicos. Todas estratégias antirresistência recomendadas pelo FRAC devem ser seguidas no manejo da doença.

Tecnologia de controle biológico saindo diretamente da universidade para resolver a defasagem dos agentes químicos de controle

Ferrugem Asiática de Soja

Além do problema crônico do aparecimento de resistência, o uso de químicos vem sendo cada vez mais questionado pela sociedade como um todo por razões ligadas a saúde humana e ambiental.

Em matéria publicada em setembro de 2021, pela Universidade Estadual do Norte do Paraná, é apresentada uma excelente novidade tecnológica contra a temida ferrugem asiática: a pesquisadora Mayra Costa da Cruz Gallo de Carvalho está à frente de uma pesquisa que está desenvolvendo um agente de controle biológico da FAS.

A pesquisadora isolou um outro fungo que se desenvolve nas lesões da ferrugem da soja, atacando o fungo causador da ferrugem asiática e identificou formas do uso deste fundo predador no biocontrole da doença.

O fungo identificado como agente de biocontrole da FAS pertence a um gênero de fungos que atua como promotores de crescimento em plantas e com habilidades de proteção do vegetal contra uma variedade de doenças.

Os métodos desenvolvidos pela pesquisa caracterizam-se pelo uso do biocontrole de forma preventiva, antes da infecção inicial da FAS, porém uma eficiência maior deverá ser alcançada com mais aplicações. A professora explica que a ferrugem é uma doença policíclica, inicia um novo ciclo a cada 8 ou 10 dias, então a prevenção pode ser pensada também a cada ciclo de esporulação.

Atualmente, o fungo P. pachyrhizi apresenta mutações que conferem resistência quantitativa aos três principais grupos de fungicidas sítio-específicos. Os fungicidas não apresentam a mesma eficiência de quanto a doença foi introduzida no Brasil, mas ainda continuam sendo uma ferramenta importante no manejo da doença. Novas mutações podem ser selecionadas ao longo do tempo.

Em um futuro próximo teremos uma excelente ferramenta contra os prejuízos causados pela FAS.

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