Monitoramento, essa parece ser uma palavra-chave para melhorarmos o desempenho de nossas lavouras. Um nadador que quer melhorar seu tempo, mede constantemente o quão mais rápido ou mais lento está nadando para ir ajustando as técnicas de acordo com o objetivo traçado pelo treinador. “Aquilo que não se pode medir, não se pode melhorar”. Essa frase é de William Thomson, um físico irlandês. Ele percebeu que a medição nos dá parâmetros de comparação. Só podemos afirmar se o desempenho está bom ou ruim se soubermos o que, de fato, é bom ou ruim. Sem uma referência, ficamos desorientados. Tenho que melhorar ou assim está bom? Se tenho que melhorar, o quanto tenho? Se o nadador do nosso exemplo souber quantos segundos mais rápido ele precisa nadar, ele materializa seu objetivo e consegue mentalizar o quanto de esforço e treino precisa para chegar no objetivo. No nosso caso, definiremos quando é o momento de controlar determinada praga, e até quanto estamos dispostos a pagar por isso. Outro benefício dessa prática da “medição”, é que somos impulsionados a melhorar pelo nosso próprio inconsciente. Para demonstrar isso, alguns palestrantes lançam uma grande bola inflável ao público e solicitam que as pessoas a passem de mão em mão até que atinja o outro lado do auditório. Então, olhando para o relógio, eles dizem quanto tempo levou para o processo se completar. A seguir, anunciam que repetirão o mesmo exercício e, simplesmente avisam à todos que o tempo será medido. Adivinhem, invariavelmente, a bola faz o percurso de forma mais rápida na segunda vez. Existe aí uma força, invisível e impulsionadora, que motiva as pessoas a acelerarem seus movimentos. Saber que estamos medindo o desempenho do controle de pragas em nossas lavouras, nos ajudam então a melhorá-lo, seja pelo fato de nos possibilitar saber se algo está bom ou ruim e de nos dar parâmetros para tomar as decisões de controle, ou por sermos impulsionados pelo nosso inconsciente na busca pela maior performance.

Sabemos que as pragas têm o potencial de causar grandes prejuízos, limitando nossa produtividade potencial. Elas danificam frutos e sementes que serão comercializados, diminuem diretamente a taxa fotossintética pela diminuição da área foliar, ou indiretamente pelo desenvolvimento de fungos (como o caso da fumagina). Causam estresse e pioram o desempenho fisiológico das plantas, além de serem vetores de doenças. Por isso, os agricultores visitam suas lavouras a fim de verificar a presença de pragas, a fim de tomar alguma atitude em caso positivo. Mas qual a hora certa de se fazer o manejo?

Para responder essa questão a ciência desenvolveu o conceito de Manejo Integrado de Pragas. Nele, se considera qual o nível de dano aceitável, conhecido amplamente como Nível de Dano Econômico ou, simplesmente, NDE. Ou seja, até que ponto eu posso tolerar uma praga antes que eu tenha que investir em uma tática de controle? Aí você pode perguntar, mas porque não as controlar assim que elas aparecem? Resposta: porque é caro. E pode ser caro tanto do ponto de vista econômico quanto do ponto de vista ambiental. Além do custo das operações e do investimento em produtos (que podem ser biológicos ou químicos), toda vez que temos que interferir numa população de um organismo, há o risco de causarmos um desequilíbrio na população de outros organismos não alvos, tais como agentes de controle biológico. O NDE é uma linha limítrofe que define em que nível de infestação os efeitos colaterais (financeiros ou ecológicos) são menores do que o estrago que a praga em questão pode ocasionar. Os NDEs são índices definidos especificamente para cada praga e cultura. Para que haja uma margem de segurança entre o atingimento do NDE criou-se um outro índice, o NC, ou Nível de Controle. Esse é o número que de fato indica se está na hora ou não de controlar. Se deixarmos para controlar as populações da praga apenas quando atingir o NDE, pode demorar um certo tempo para o nível populacional da praga baixar com risco de haver algum prejuízo econômico.

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Fonte: Adaptado de Promip

O monitoramento consiste na visita às lavouras e utilização da metodologia científica adequada. No caso da soja, a técnica da batida de pano é a mais utilizada, e foi desenvolvida pela EMBRAPA. Nela, um pano branco de 1 m de largura e 1,4 m de comprimento é posicionado na entrelinha da cultura. Posteriormente, se agita vigorosamente as plantas sobre o pano, e então, se contabiliza o número de insetos observados.

Outra forma de se fazer o monitoramento, é o uso de armadilhas de captura. Um exemplo são as armadilhas com feromônios (substância que atraem os insetos).

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Fonte: ISCA

A tecnologia vem auxiliando nesse processo. Em fazendas maiores, geralmente há uma equipe de técnicos responsáveis pela tarefa de fazer as contagens nos diversos talhões. A quantidade de dados para analisar é bastante grande, e fazer isso de forma manual pode conduzir a erros.

Softwares e aplicativos vêm sendo desenvolvidos para processar todos estes dados de forma a deixar o processo semi-automatizado. Também, cruzam informações do clima obtidas em estações meteorológicas automatizadas, que podem ajudar na previsão do aumento populacional de uma determinada praga com certa antecedência.

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SIMA (Sistema de Monitoramento Agrícola Integrado) é um aplicativo Android para monitorar pragas das culturas. Permite o registro de ervas daninhas, insetos e doenças presentes na cultura. Além de armazenar esses dados, eles são processados ​​e comparados com os limites definidos para o diagnóstico da gravidade da presença de pragas.

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Monitoramento da broca-do-café (Hypothenemos hampei) realizado pelo Sentinela (detalhe), na Estação Experimental de Café em Campinas. Em pé, o CEO Andrei Grespan e o diretor de tecnologia Fabrício Soares, da IAgro. Foto: Divulgação IAgro

Na fronteira da tecnologia atual, existe uma linha de pesquisa que tenta realizar o monitoramente de forma totalmente autônoma, isto é, isentando totalmente a necessidade de interferência humana, como o sistema Sentinela da IAgro (startup criada em 2017), e como promete a invenção de Angel Pontin Garcia que está sendo patenteada com apoio da Agência de Inovação da Unicamp – INOVA

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O percevejo marrom (Euschistus heros) é monitorado em cultivo de soja na Estação Experimental em Campinas-SP. Foto: Divulgação IAgro

Independentemente do método que julgue mais adequado para sua lavoura, monitorar é preciso, e isso é unânime entre os especialistas. Dessa forma, poderá saber exatamente quando precisa interferir para baixar a população da praga em questão, aumentando assim a performance do Manejo Integrado de Pragas na sua propriedade.

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