A importância dos nematoides nos cultivos agrícolas vêm crescendo muito nos últimos anos. Segundo um estudo publicado na revista Nature Ecology & Evolution em 2019 sobre as principais pragas e doenças, os nematoides aparecem na lista dos principais causadores de perdas em 4 das 5 culturas estudadas (Soja, Milho, Trigo e Batata). Na cultura da soja, que de longe é a mais cultivada, dentre as 25 mais importantes pragas e doenças, o pior inimigo é o nematoide de cisto, causando perdas médias de 9,3% no meio-oeste americano e Canadá, e 5,2% no sul do Brasil e Argentina. Caso a região central do Brasil houvesse sido avaliada neste estudo, onde sabemos que há uma grande ocorrência desta espécie, estas perdas seriam ainda maiores, ultrapassando a importância da ferrugem-da-soja – outro grande problema para os agricultores brasileiros.
No entanto, este nematoide não é o único. Os cultivos sucessivos das mesmas culturas, ano após ano, em mais de 60 milhões de hectares, foram selecionando as espécies mais adaptadas a estes sistemas agrícolas, entre as quais podemos destacar as seguintes:
- Nematoide de cisto – Heterodera glycines
- Nematoides de galhas – Meloidogyne incognita e javanica
- Nematoide das lesões – Pratylenchus brachyurus
- Nematoide reniforme – Rotylenchulus reniformis
A melhor maneira de se evitar as perdas causadas pelos nematoides é a preventiva. Uma vez disseminado na sua lavoura fica difícil e muito caro eliminá-los. Eles são indivíduos muito pequenos, invisíveis a olho nu. Seus ovos e estruturas de resistência, tais como os cistos, podem ser carregados pelo vento junto com a poeira e se manterem viáveis por vários anos. Os maquinários e a água das chuvas podem espalhá-los pelo terreno. Alguns, como os do gênero Pratylenchus, são nativos e estão presentes em praticamente 100% dos solos brasileiros. Neste caso não podemos prevení-los, mas sim mantê-los num nível de infestação que não cause perdas econômicas. Para isso, lançamos mão do Manejo Integrado de Nematoides (MIN).
O primeiro passo para isso é realizar um bom diagnóstico. Em estágios mais avançados surgem “reboleiras” nas lavouras em que as plantas aparecem pouco desenvolvidas ou até mortas (quando há maiores infestações). Neste ponto podemos visualizar os sintomas, coletar a mostras de solo dentro e fora das reboleiras e enviar para um laboratório de confiança para identificar e quantificar as espécies existentes na área.
Para saber mais sobre como realizar as coletas de amostra corretamente e os cuidados na interpretação da análise de nematoide veja este artigo.
Na fotografia a seguir (Imagem 1), observamos as reboleiras causadas por uma área com cultivo de soja altamente infestada por Pratylenchus brachyurus. É possível observarmos o solo de coloração mais acinzentada onde as plantas não se desenvolveram ou morreram, em contraste com o verde onde estão as plantas estão bem desenvolvidas.
Imagem 1: aérea com reboleira causada por Pratylenchus brachyurus – Documentos 408 – EMBRAPA
Novas tecnologias vêm sendo desenvolvidas para capturar estes danos, como o uso de análises de imagens que utilizam sensores que captam comprimentos de ondas específicos e geram índices tais como o MPRI (Modified Photochemical Reflectance Index). A imagem a seguir (Imagem 2) apresenta a mesma área, onde em vermelho estão representados os dados de menor produtividade e maior infestação do nematoide.
Imagem 2: Índice MPRI em aérea com reboleira causada por Pratylenchus brachyurus – Documentos 408 – EMBRAPA
Mas e se quisermos detectar a presença do nematoide antes de chegarmos nessa condição tão drástica? A primeira opção é realizarmos uma grande quantidade de amostragem de solo de maneira preventiva, antes de observarmos os sintomas visuais. Uma segunda opção é o uso de imagens com índices de vegetação como o MPRI. Veja na próxima imagem (Imagem 3), que na foto da esquerda (mais verde) é difícil apontarmos algum problema a olho nu. Já na imagem da direita, observamos tons mais amarelados e esverdeados formando manchas.
Imagem 3: Foto aérea (esquerda) e imagem MPRI (direita) com reboleira causada por P. brachyurus e H. glycines – Documentos 408 – EMBRAPA
Deste talhão de 82 ha, selecionou-se uma pequena parte de 5 ha para avaliar a população dos nematoides presentes na área. O trabalho apontou que a espécie que estava causando a redução do porte das plantas era a do nematoide de cisto (H. glycines) e não o nematoide das lesões (P. brachiurus).
Com o uso de tecnologias como essa, é possível realizar um diagnóstico mais preciso e mais antecipado, permitindo a adoção de medidas de manejo mais adequadas.
Outra informação muito útil são os mapas de colheita, como vimos no artigo anterior. Desta forma podemos comparar as imagens do MPRI e de colheita para investigar as regiões que estão produzindo menos e verificar se essa redução está sendo ocasionada pelo nematoide ou outro problema.
Para diminuir os danos com nematoides e aumentar sua lucratividade, conte com a IZI GESTÃO AGRO para diagnosticar possíveis anormalidades por meio de imagens de satélite (Índice Vegetativo), viabilizando a identificação e quantificação das espécies causadoras de danos, coletando amostras de solo, tecidos vegetais e raiz, para determinar os tipos de nematoides presentes naquele local e análise e interpretação dos níveis populacionais, escolhendo a melhor estratégia de manejo e analisando separadamente de áreas que aparentemente não se encontram com o problema.
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Grande abraço e o nosso desejo de uma excelente uma safra!
Bibliografia citada:
Savary, S., Willocquet, L., Pethybridge, S.J. et al. The global burden of pathogens and pests on major food crops. Nat Ecol Evol 3, 430–439 (2019). https://doi.org/10.1038/s41559-018-0793-y
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