Começamos essa matéria parabenizando toda a cadeia do Agro brasileiro! Apesar da safra 2021 ainda não ter terminado, as últimas estimativas do IBGE, publicadas no final do mês de março, são de mais uma marca histórica na agricultura do Brasil.
Segundo o órgão federal, a estimativa de produção da safra de grãos e cereais é de atingirmos 264,9 milhões de toneladas, 10 milhões (4,2 %) a mais em relação à safra 2020, que também se apresentou como recorde até então.
De fato, os resultados da produção do agronegócio seguem uma trajetória de recordes consecutivos e os novos resultados da safra 2021 mostram que nada disso tem sido sorte ou efeito do acaso.
Alcançamos este recorde sob condições agronômicas extremamente adversas, com as restrições severas de chuvas que castigaram todo o Brasil durante quase metade do período de cultivo de grãos, entre os meses de setembro e dezembro e também sob excesso de chuvas em diversas regiões no período de colheita, que inviabilizou o produto final para a colheita.
A explicação para isso é o investimento dos empresários agrícolas na tecnificação dos cultivos, que nada mais é do que a adoção de tecnologias e técnicas que protegem os cultivos das inúmeras condições adversas que inviabilizariam a produção e o investimento.
O Sistema de Plantio Direto (SPD) é uma das principais técnicas agrícolas que contribuem para a resistência das plantas a condições ambientais adversas, sendo essencial para a manifestação do potencial agrícola do Brasil, pois ele aumenta constantemente a fertilidade dos solos e também garante sua integridade física, exatamente o oposto do que se observa nos sistemas convencionais de manejo de solos.
Dada a importância do SPD para o sucesso da agricultura brasileira, vamos disponibilizar um guia de implantação desta técnica, apresentando o sistema e as etapas de preparo para que sejam atendidos os pré-requisitos do seu uso.
Introdução
Sistema de plantio direto

Segundo a Embrapa, o Sistema de Plantio Direto é conceituado como sistema de exploração agropecuário que envolve diversificação de espécies, via rotação de culturas. Elas são estabelecidas na lavoura mediante mobilização de solo exclusivamente na linha de semeadura, mantendo resíduos vegetais das culturas anteriores na superfície do solo. É um sistema composto por um conjunto ordenado de ações, cujo resultado almejado é a sustentabilidade do negócio agrícola”
Uma das principais características do SPD é a semeadura sem a realização do preparo mecânico do solo e sob a palhada vegetal que o protege. Para isso, uma área cultivada de modo convencional necessita de um período de transição para que se possa realizar o cultivo sem as operações de preparo.
Esta fase de transição é chamada Cultivo Mínimo, na qual se inicia a redução das operações mecanizadas, obedecendo critérios agronômicos. Essa fase leva em média de 3 a 5 anos e é um período crítico onde as decisões devem ser baseadas em múltiplos parâmetros técnicos fornecidos principalmente pelas analises físicas e químicas do solo.
Devido ao volume e a importância das informações, o guia será divido em 5 partes:
– Por que adotar o SPD?
– Sistematização da lavoura
– Manejo da fertilidade do solo
– Planejamento de um sistema de rotação de culturas
– Manejo de restantes culturais e de culturas de cobertura de solo
Estes são alguns dos principais tópicos desta técnica e trarão informações valiosas para que o empresário agrícola entenda sua importância, aprimore seu sistema ou comece a transição do sistema convencional para o SPD.
Porque adotar o Sistema de Plantio Direto
Sistema de plantio direto

Nessa matéria, vamos abordar a primeira questão básica sobre o SPD. Afinal, por que adotar o Sistema de Plantio Direto?
O SPD é uma técnica desenvolvida especialmente para as condições agronômicas do Brasil, para solucionar um grande problema agronômico: a perda da camada mais fértil dos solos, sua camada superficial, pelo processo erosivo.
No sistema convencional de preparo de solo, as operações de gradagem e aração associadas à ausência de uma camada vegetal protetora, deixam as partículas do solo soltas. Dessa forma, elas são facilmente mobilizadas pelas gotas da chuva e carregadas com o escorrimento superficial da água.
Além de provocar perdas de solo e degradação ambiental, se o processo erosivo não for logo contido, pode ocorrer a inviabilização da área para fins agropecuários.
Muito além de conter as perdas, mostrando seu caráter conservativo, o SPD também agrega valor às áreas agrícolas por trazer “efeitos colaterais” das medidas protetivas do solo. O aumento do teor de matéria orgânica no aumento da atividade de macro e microrganismos benéficos, estruturação natural do solo, maior resistência das plantas a secas, maior aeração do solo beneficiando o desenvolvimento do sistema radicular podem ser exemplos.
Portanto, agronomicamente, a adoção do SPD traz uma lista de benefícios críticos, que resolvem os principais problemas que geram dor de cabeça para técnicos e empresários do setor em relação a limitação da produtividade.
O Sistema de Plantio Direto é interessante para investidores agrícolas?
Sistema de plantio direto

Investidores das culturas de soja, milho, algodão e outros cultivos mecanizados encontram no SPD sua maior segurança econômica.
As pesquisas realizadas nas últimas décadas mostram que a rentabilidade e taxa interna de retorno de áreas sob SPD são, na maioria dos casos, maiores do que as observadas em sistemas convencionais.
Os maiores impactos do SPD na lucratividade agrícola são: o aumento gradual da produtividade (sacas/ha) e a redução de custos
O aumento gradual da produtividade, de acordo com o tempo de condução do sistema, é obtido por diversas modificações positivas provocadas pela técnica:
– Aporte constante de material vegetal, que resulta no aumento do teor de matéria orgânica no solo
– Condições ambientais para a presença de macro e microrganismos que degradam o material vegetal, fornecendo nutrientes para as plantas e construindo a estrutura do solo, que quando atinge determinado nível, dispensa as operações mecanizadas de arações e gradagens.
A redução de custos é obtida pelas seguintes modificações:
– Menor necessidade de investimentos em máquinas e insumos em relação ao sistema de preparo convencional
A fertilidade dos solos é o principal fator de produção que contribui para a segurança dos investimentos agrícolas. Como além de conservar o solo, reduzir custos e aumentar a fertilidade, o SPD é de grande interesse de investidores que desejam melhorar suas margens de lucro.
Fique ligado na próxima matéria: sistematização da lavoura
Sistema de plantio direto

Nessa primeira parte, vimos uma extensa lista de motivos agronômicos e econômicos para que seja iniciado, ou aprimorado, o sistema de plantio direto nas áreas agrícolas do Brasil.
Muitos outros motivos podem ser adicionados, como a preservação do meio ambiente pelo aumento da produtividade, que reduz a necessidade de implantação de novas áreas de produção. Traz também a redução na emissão de CO2 devido à redução das operações mecanizadas, além do sequestro de carbono promovido pela pratica da cobertura vegetal, o mesmo carbono que vai enriquecer a fertilidade dos solos.
Na segunda parte vamos começar, finalmente, a falar das operações de preparo do solo da fase de Cultivo Mínimo. A primeira delas será a etapa de sistematização da lavoura e as operações mecanizadas para este fim. Falaremos do que se tratam, suas importâncias e objetivos visando o sucesso futuro, quando for atingido o status de Sistema de Plantio Direto. Fique ligado!
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