Quanto mais itens um empreendimento compreende, mais complexa a sua gestão se torna. E nesse quesito, os sistemas agrícolas se destacam.

A complexidade desses sistemas gera a necessidade de gerenciamento de um número muito extenso de itens, para que se possa ter o controle satisfatório da produção.

Os produtos são obtidos a partir de inúmeros fatores de produção como a terra, insumos (sementes, corretivos, fertilizantes, combustível, energia elétrica e etc), benfentorias (galpões, alojamentos, tanques, cercas, terraceamento, represas e etc), máquinas (tratores, colheitadeiras, pulverizadores), mão-de-obra e capital de giro.

A lista de itens é muito grande e a gestão do sistema seria impossibilitada se não houvesse uma forma de classificar cada item e agrupá-los de acordo com suas características em relação ao sistema agrícola e ao sistema financeiro.

A metodologia de classificação e levantamento de custos de Matsunaga et al. (1976)

Gestão financeira agrícola

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Existem diversas propostas de como gerenciar a atividade agrícola, pela inexistência de uma padronização desse procedimento.

Porém, em 1976, o Instituto de Economia Agrícola (IEA), do Estado de São Paulo, publicou uma Metodologia de Custo de Produção escrita por seus pesquisadores, que passou a ser utilizada como referência por diversas instituições de pesquisa de administração pública.

Essa proposta veio com um sistema de classificação de cada item de produção e um método de processamento desses valores visando atender as demandas agronômicas e financeiras do sistema. Isso permite obter uma série de indicadores de desempenho econômico, que funcionam como se fossem um exame detalhado dos resultados obtidos em campo.

É uma metodologia que permite analisar, de modo extenso e profundo, os dados do sistema, permitindo ao empresário agrícola ter uma compreensão ótima da contribuição de cada fator de produção no resultado final. Também o permite alterar os itens que estiverem com desempenho abaixo do seu potencial.

Gestão agrícola: organizar e classificar os fatores de produção

Gestão financeira agrícola

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As propriedades agrícolas são empresas e toda empresa deve gerar lucro.

A principal ideia da gestão financeira agrícola é simples: Lucro= Receita (obtida com a venda do produto) – Custos (para produzir)

Porém, a falta de uma estratégia de como classificar os itens, principalmente dentro da partes de Custos, leva a um processamento inadequado dos números e gera uma impressão do negocio que não condiz com sua real situação.

Segundo a sugestão de pesquisadores do IEA (Matsunaga et al. 1976), a classificação dos custos deve ser feita seguindo seu método, que é composto pelo Custo Operacional Efetivo (COE) e pelo Custo Operacional Total (COT).

Ao preencher os itens do método de Matsunaga et al. (1976), o empresário agrícola estará alocando corretamente cada fator de produção do seu sistema, desde as sementes até o seguro agrícola, o investimento no pivô central de irrigação ou na internet 4 ou 5 G para orientar maquinas em campo.

Custo Operacional Efetivo e Custo Operacional Total

– O COE compreende todos os custos efetivamente desembolsados em um ano agrícola, envolvendo todos os componentes de custos gerados pela relação entre os coeficientes técnicos (quantidade utilizada) e os seus preços. Também se enquadram os custos administrativos e os custos financeiros do capital de giro. Os componentes do COE são renovados a cada ciclo produtivo.

– O COT é o resultado da soma entre o COE, as depreciações de maquinários, implementos, benfeitorias, rebanhos (matrizes e reprodutores), lavouras e forrageiras perenes, e o pró-labore. O COT indica a possibilidade de reposição da capacidade produtiva do negócio no longo prazo, além da remuneração do responsável pelo gerenciamento da atividade.

O pró-labore corresponde à remuneração do responsável pelo gerenciamento da atividade e, em alguns casos, pode incluir a mão de obra familiar. Ele representa aquela remuneração que seria recebida em outra propriedade para exercer as mesmas atividades, ou seja, um valor de mercado.

Outros custos: depreciação, oportunidade

Já as depreciações correspondem ao montante que deve ser poupado anualmente (custo implícito) para que o produtor possa renovar seus bens e garantir a manutenção de sua capacidade produtiva.

Ainda são considerados os custos de oportunidade dos bens de capital, do capital circulante próprio e da terra, que somados ao COT resultam no Custo Total (CT). O CT indica a situação econômica do empreendimento considerando todos os custos implícitos, que aqui se referem aos valores que esses fatores gerariam em investimentos alternativos.

O custo de oportunidade dos bens de capital, nesse caso, corresponde à aplicação de uma taxa de juros de 6% sobre o capital médio investido em máquinas, implementos, benfeitorias, lavouras e forrageiras perenes, e o valor de rebanhos (matrizes e reprodutores). O custo de oportunidade do capital circulante próprio também corresponde à aplicação de uma taxa de juros de 6% sobre o capital médio utilizado. O custo de oportunidade da terra é equivalente ao valor de arrendamento (aluguel) de terras semelhantes na mesma região.

Indicadores contábeis: obtendo o “check up” do seu sistema agrícola

Preenchida a planilha de custos, é possível avançar na tarefa da gestão, obtendo os indicadores contábeis, que irão auxiliar nas decisões gerenciais.

Por meio do método do custo operacional são desenvolvidos indicadores contábeis. Esses indicadores expressam, de maneira geral, se as unidades produtivas geram valor ou não, ou seja, se seus custos de produção são maiores ou menores que o preço de venda (receita bruta) da produção.

Margem bruta ou receita bruta

A RB de determinado exercício corresponde ao valor obtido com a venda de todos os produtos resultantes do processo de produção durante um ciclo produtivo. A análise da RB, isoladamente, é pouco conclusiva, pois nem sempre as atividades produtivas que apresentam maior RB são as melhores do ponto de vista econômico. Para determinar a atratividade da atividade produtiva, portanto, é necessário comparar a RB com o custo de produção.

A Margem Bruta (MB) resulta da subtração entre a RB e o Custo Operacional Efetivo (MB = RB – COE). Utilizando o conceito de margem bruta, as seguintes conclusões sobre o desempenho da atividade produtiva podem ser obtidas:

– Margem bruta positiva (MB>0) significa que a RB é superior ao COE, ou seja, o produtor consegue saldar, pelo menos, o custeio da atividade. A atividade agropecuária será mantida no curto prazo.

-Margem bruta negativa (MB<0) significa que a RB é inferior ao COE, o que torna a atividade antieconômica. Nesse caso, o produtor encontra-se em uma atividade “subsidiada”, uma vez que há a necessidade de captação de outras fontes de recursos para a manutenção do processo produtivo. No curto prazo, abandonando a atividade, o produtor minimizaria seus prejuízos, pois estaria sujeito a apenas uma parte dos custos fixos que continuariam existindo.

Alguns pontos deverão ser observados antes da decisão de sair da atividade. É importante verificar a composição dos custos e os indicadores tecnológicos, observando se há possibilidade de remanejamento dos fatores de produção ou a adoção de técnicas que reduzam os custos e/ou aumentem a produtividade e a RB.

Margem líquida ou receita líquida

Outro indicador é a Margem Líquida (ML). A ML resulta da subtração entre a RB e o Custo Operacional Total (ML = RB – COT). De acordo com o resultado da margem líquida, pode-se concluir:

Margem líquida positiva (ML>0) significa que a RB é superior ao COT, ou seja, a atividade produtiva se manterá em médio ou longo prazos. Os desembolsos realizados são pagos, o produtor é remunerado e há um montante que cobre os custos com depreciações.

Margem líquida negativa (ML<0) significa que a RB é inferior ao COT. Nesse caso, a atividade pode não remunerar adequadamente o produtor, e parte ou a totalidade dos custos com depreciações podem não ser cobertos. Nesse caso, o produtor encontra-se em um processo de “descapitalização”.

Gestão do Agronegócio

O lucro (L) é o resultado da subtração entre a RB e o CT (L = RB – CT). Caso o resultado dessa operação seja inferior a zero (L<0), ele é denominado “Prejuízo”. A análise do Lucro/Prejuízo permite chegar as seguintes conclusões:

Se houver lucro (L>0), conclui-se que a opção do produtor em alocar seus recursos na atividade agropecuária proporcionou maior rendimento que as atividades alternativas (caderneta de poupança, por exemplo) e há possibilidade de expansão do negócio em médio ou longo prazos. Esta situação é denominada “lucro supernormal”, ou lucro econômico.

Se a RB for igual ao CT, ou seja, o lucro é igual a zero (L=0), significa que a atividade agropecuária proporcionou o mesmo retorno que seria obtido em atividades alternativas. Esta situação é denominada “lucro normal”.

Se não houver lucro (L<0), situação de prejuízo, significa que o produtor, no mínimo, deixou de ganhar ao optar pelo emprego de seu capital nos recursos produtivos da atividade agropecuária. Nesse caso, a atividade alternativa geraria maiores rendimentos, mas ressalta-se que o produtor deve avaliar a ML da atividade antes de tomar qualquer decisão sobre seu negócio.

Taxa de remuneração do capital

Outro indicador é a Taxa de Remuneração do Capital (TRC), ou Rentabilidade. Esse é um dos mais importantes, pois permite comparar a rentabilidade do negócio com investimentos alternativos do mercado, ou seja, permite verificar a atratividade do negócio.

A TRC é o resultado, em porcentagem, da divisão da ML obtida na atividade pelo estoque de capital investido nos fatores de produção (capital médio empatado em maquinários, implementos, benfeitorias, lavouras e forrageiras perenes, mais o valor da terra e de rebanhos – matrizes e reprodutores).

Os benefícios de uma boa gestão financeira

Gestão financeira agrícola

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O maior benefício de se adotar e conduzir um sistema de gestão é a tranquilidade para o empresário rural.

Todas as questões gerenciais são centralizadas nessa técnica e tratadas de modo sistemático e técnico.

A tranquilidade vem e não é por acaso. Realizando uma boa gestão, os problemas são antecipados, todos os fatores de produção são colocados sob os olhos do gestor, todas as tarefas e compras são planejadas antecipadamente e passa a ser possível decidir sobre práticas agronômicas de acordo com os objetivos financeiros.

Implantar um sistema assim pode ser trabalhoso no início, porém, após a inicialização da operação baseada nele, todo o esforço inicial é rapidamente recompensado pelos anos de mais tranquilidade e previsibilidade que virão daí em diante.

Fonte:

MATSUNAGA, M.; BEMELMANS, P.F.; TOLEDO, P.E.N.; DULLEY, R. D.; OKAWA, H.; PEROSO, I. A. Metodologia de custo de produção utilizado pelo IEA. Agricultura em São Paulo, São Paulo, v. 23, n. 1, p. 123-139, 1976.

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