O solo é o principal substrato de desenvolvimento de cultivos em todo o mundo.
Cada região do globo terrestre possui um clima característico e uma composição geológica distinta. Os solos são resultado da interação destes dois fatores, no decorrer de milhões de anos, pelos processos de intemperismo químico e físico. Eles se tratam da degradação desse material rochoso inicial por ação da radiação solar, chuvas, aquecimento e resfriamento e também ação de seres vivos.
Somado a estes fatores, a ação do homem também modifica as condições químicas e físicas do solo, fazendo com que ele possa ser aprimorado para receber cultivos.
Inúmeras variáveis estão diretamente relacionadas com o processo de tratamento dos solos pelos seres humanos para seu uso agrícola. Por exemplo, suas as características químicas e físicas, a qualidade dos insumos, dos procedimentos da análise do solo, o planejamento das tarefas e o acompanhamento contínuo da fertilidade do solo em questão.
Diferença entre correção e adubação do solo
Correção e adubação do solo
A correção do solo é uma prática que consiste na elevação da acidez do solo até a faixa ideal, que é determinada de acordo com as exigências de cada cultura. Os solos do Brasil são ácidos em sua maioria, e por isso, é necessário o procedimento de correção em praticamente todo território nacional.
Tipicamente, o procedimento de correção da acidez dos solos do Brasil é realizado com um insumo chamado calcário agrícola, material extraído de rochas, em diferentes granulometrias e composição química.
Já a adubação consiste, basicamente, em fornecer os nutrientes necessários nas quantidades corretas, visando obter a produtividade desejada.
Os nutrientes são compostos químicos em suas formas iônicas, ou seja, com cargas elétricas negativas. Isso os possibilita a serem retidos no solo por um fenômeno físico chamado adsorção. Este estado possibilita os nutrientes a serem absorvidos pelas plantas, seja pelas raízes ou pelas folhas.
Os nutrientes exigidos em grandes quantidades pelos cultivos são denominados macronutrientes: Nitrogênio, Fósforo e Potássio.
Os nutrientes exigidos em menores quantidades são denominados micronutrientes: Zinco, Magnésio, Cloro, Bromo, Molibdênio, Manganês, Ferro, Cálcio, Cobre, Sódio, Cobalto e Silício.
Apesar de serem demandados em menores quantidades, funcionam como elemento chave em diversos processos metabólicos e podem causar grandes perdas caso estejam em quantidades deficientes.
A importância da correção do solo para o efeito da adubação
Correção e adubação do solo
O problema da acidez nos solos do Brasil pode ser corrigido visando obter a disponibilidade máxima dos nutrientes para as plantas e a eliminação do alumino tóxico no solo.
Na grande maioria dos casos, é adotado o calcário para realizar essa função. Porém, existem diversas fontes de variação no desempenho deste insumo e nas condições dos solos brasileiros.
Acertar na sua escolha determina o sucesso do investimento no longo prazo, podendo haver grandes perdas caso não seja feita a escolha adequada, baseada em parâmetros técnicos, principalmente para sistemas agrícolas de alto desempenho.
Não basta fornecer os nutrientes via adubação se a acidez do solo estiver inadequada. Isso ocorre pois a distribuição dos nutrientes pelo perfil do solo, assim como o processo de absorção destes pelas plantas, ocorrem devido a reações químicas que são completamente influenciadas pelas concentrações dos compostos químicos presentes.
O termo pH remete a uma característica das soluções químicas. No caso, o pH indica a concentração de íons de hidrogênio no solo. Quanto maior a concentração desses íons, menor é o número do pH e maior é a acidez.
Os nutrientes possuem cargas elétricas que competem por espaço nas partículas do solo com os íons de hidrogênio. Além disso, eles também podem reagir com os nutrientes, mudando sua configuração molecular, tornando-os indisponíveis para os cultivos.
Além do ajuste do pH e disponibilização máxima dos nutrientes para a cultura, outros benefícios obtidos através da aplicação correta do calcário nos solos, são a disponibilização dos nutrientes cálcio e magnésio, aumento da capacidade de troca catiônica efetiva, devido à remoção de íons indesejados da fração coloidal do solo, e a obtenção de ambiente favorável à presença de alguns microrganismos benéficos às plantas.
Planejando a correção e adubação do solo
Correção e adubação do solo
Para o sucesso das práticas de correção e adubação, é essencial que todas as tarefas e datas estejam organizadas em um planejamento agronômico.
A preocupação central no planejamento da correção e adubação é identificar o nível de acidez atual e a defasagem de nutrientes, tendo em vista atender as exigências desses quesitos de acordo com a cultura em questão.
Essas informações são a base dos cálculos de recomendação de calagem e adubação na forma adequada de acordo com as características do cultivo em questão. Por isso, é essencial que o produtor realize a análise do solo antes de cada cultivo.
Outro ponto central no planejamento da correção e adubação é a escolha do laboratório que fará as análises químicas e físicas que fornecerão os dados para os cálculos de recomendação. É essencial que o laboratório execute as análises com rigor e utilize procedimentos analíticos padronizados. Isso porque existem inúmeras metodologias de análise na literatura cientifica, e cada uma apresenta resultados e recomendações distintas de aplicação de calcário e adubação.
Prejuízos causados por erros na correção e adubação dos solos
Correção e adubação do solo
As quantidades de corretivos e fertilizantes aplicados precisam seguir as recomendações técnicas, pois assim garante-se o crescimento ótimo associado ao econômico.
Alguns dos problemas que podem ocorrer com a aplicação incorreta de corretivos e adubos são:
Subdesenvolvimento da cultura
Os macro e micronutrientes são essenciais para o crescimento e desenvolvimento das culturas. Em casos de deficiência, as plantas apresentarão desenvolvimento inadequado.
Redução do florescimento
A formação de flores é essencial para a produção de grãos ou fibra de algodão. Esta fase exige muito investimento energético e de outros nutrientes. Caso não estejam disponíveis de forma adequada a quantidade de flores será reduzida.
Abortamento de flores
Da mesma forma, a durabilidade e a resistência das flores dos cultivos às condições adversas estão diretamente ligadas à disponibilidade adequadas de nutrientes.
Má formação de vagens, espigas ou capulhos
A formação dos frutos representa o maior investimento em diversidade de nutrientes que as plantas. Logo é onde o produtor vai sentir com mais facilidade o prejuízo causado pelo manejo inadequado da acidez e dos nutrientes do solo
Prejuízo no enchimento de grãos
Maior susceptibilidade ao ataque de pragas
Desafios do manejo da adubação
O efeito ótimo de um corretivo no solo depende da:
Umidade do solo
Fator de extrema importância, pois a ação do calcário ocorre na solução aquosa do solo. Para haver as reações de neutralização e troca, é necessário que haja umidade, pois as reações químicas são basicamente hidrólises dependentes da presença de água para iniciar e se manter.
Mistura adequada do corretivo no solo
Os principais fatores a se observar aqui são a homogeneidade na distribuição e qualidade da incorporação. A profundidade padrão é de 0-20 cm, mas são obtidas boas respostas com aplicações mais profundas, devido à exploração de um maior volume de solo pelo sistema radicular, proporcionando maior aproveitamento de nutrientes, resistência a veranicos (períodos com ausência de chuvas). Os implementos inchadas rotativas, arados subsoladores e cultivadores incorporam o material na camada superficial (2,5- 5,0 cm). Recomenda-se o uso de duas passadas de enxada rotativa para uma incorporação mais uniforme.
A reação de solubilização do calcário é lenta, exigindo tempo e maior contato entre partículas do solo e do corretivo. O tempo varia com as características do solo (Materia Orgânica e textura), características do corretivo (PRNT), modo de aplicação e precipitação. O ideal é que a aplicação ocorra no final do período chuvoso, anterior ao plantio, ou no início da estação chuvosa, pouco antes do plantio.
Período de seca nos cerrados: maio a setembro
Época: 2-3 meses do plantio
Os retornos com a calagem são bastante elevados, no período de alguns anos, geralmente acima de 5 anos. No primeiro ano pode não ser tão elevado, mas é o suficiente para pagar os custos com a operação. Para a determinação de doses econômicas de calcário, deve-se levar em conta a diferença em relação aos fertilizantes em relação aos seguintes aspectos: o longo efeito residual do calcário em relação aos adubos, o valor do frete, já que se trata de um insumo de baixo custo e a qualidade expressa em PRNT que influencia na quantidade final a ser aplicada.
Em suma, a dose de Máxima Eficiência Agronômica por área cultivada depende da magnitude de respostas das culturas à calagem, do efeito residual nos próximos anos, do preço do insumo e da qualidade (PRNT).
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